Achas que a política pode estragar-nos tudo? Na minha opinião, de forma alguma. Lembro-me de a minha mãe e o meu pai estarem sempre a discutir, mas era por causa da política. Às vezes, eu amaldiçoava muito bem a política e, mesmo quando era uma miúda de oito ou nove anos, detestava política. Por isso, disse a mim própria que nunca me iria interessar por política. E mesmo quando tinha nove anos, não gostava nada de política. Essa tenra idade era suficiente para mim. Não gostava nada de política e, acreditem ou não, nessa tenra idade já conhecia tantos partidos políticos, tantos argumentos e opiniões políticas, que podia ter sido uma especialista em política.
Quase sem parar, isto foi um verdadeiro problema para mim quando era pequena e para os meus irmãos mais novos. Os nossos pais nunca brincavam connosco, nunca liam para nós. Normalmente, falávamos de política e discutíamos tudo, quando não ríamos de tudo. Como isso era irritante, eu queria mudar isso. Infelizmente, não o consegui fazer. Os meus pais acabaram por se divorciar; o casamento deles foi muito bonito e muito romântico até há nove anos.
E, claro, estavam em harmonia, e depois a irmã do meu pai entrou para a política. Depois a minha mãe também. Mas, de alguma forma, nunca se juntaram. Tinham todos opiniões muito diferentes sobre política e isso era um obstáculo. A minha mãe dizia que a incomodava muito o facto de o meu pai se dedicar mais à política do que à sua família. Em defesa da minha mãe, isto era verdade: durante um ano, ela disse que aguentou porque pensava que o meu pai se ia fartar da política e não se interessaria muito por ela. Mas o que aconteceu foi o contrário.